ALFAVACA-CRAVO
Ocimum gratissimum L.
Sinonímias: Ocimum guineense Schumach. & Thonn., Ocimum viride Willd., Ocimum suave Willd.
Nomes populares: Alfavacão, alfavaca-cravo, alfavaca, manjericão-cheiroso, alfavaca-de-vaqueiro, remédio-de-vaqueiro, etc.
Origem ou Habitat: Originário do Oriente e subespontâneo em todo o Brasil.
Características botânicas: Ocimum gratissimum é uma planta arbustiva (atinge até 2 m de altura), muito aromática e com cheiro semelhante ao “cravo-da-índia”. A espécie pode ser propagada por plantio de suas sementes ou por estacas produzida a partir dos seus ramos. O cultivo pode ser realizado em locais com incidência direta de sol ou a meia sombra, sendo uma planta de fácil cultivo em Florianópolis.
Observação: Podem existir diferenças fitoquímicas entre diferentes indivíduos da espécie.
Partes usadas: folhas e inflorescências.
Uso popular: Planta usada pela população para sintomas de gripes, casos de inflamações na boca e mau hálito. O chá das folhas é empregado como carminativo, sudorífico e diurético. O xarope das folhas com mel é usado contra tosses, dores de cabeça e bronquites. A infusão das folhas é usada em afecções da boca. A decocção das raízes é usada contra diarréias, distúrbios do estômago e dores de cabeça. As folhas também são utilizadas como condimento na culinária por seu sabor e odor semelhante ao do cravo-da-índia. A infusão é usada externamente para uso local em casos de frieiras e banhos antigripais.
Informações científicas : 🐁(AN) Estudo em ratos com o extrato aquoso das folhas promoveu a redução da motilidade intestinal e demonstrou atividade antidiarreica. Além disso, o extrato hidroalcoólico e o óleo essencial demonstraram atividade anti-inflamatória, analgésica e redução significativa de quadrosfebris brandos e elevados. 🧫🦠(IV): Estudos in vitro de atividade antimicrobiana demonstraram que extratos das folhas e do óleo essencial apresentaram potencial antifúngico e atividade antibacteriana contra linhagens de E. coli e S. aureus.
Cuidados no uso desta espécie
Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas desta espécie, o seu uso concomitante a outros medicamentos deve ser cauteloso. Deve ser evitado o uso interno na gestação, lactação e em crianças menores de 04 anos. Deve ser evitado na gravidez, principalmente no primeiro trimestre, pela possível ação teratogênica;
Modo de Usar
Uso interno: Infusão preparada com 1 colher de sobremesa das folhas secas ou até 6 folhas frescas rasuradas para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas.
Uso externo: Uso tópico local da infusão preparada com as folhas na forma de bochecho ou gargarejo em casos de aftas e gengivites e após procedimentos odontológicos. No caso da
presença de suturas deve-se evitar o gargarejo, mantendo-se. apenas o contato do líquido com o local da inflamação.
Composição química: O óleo essencial das folhas contém: eugenol (77,3%), 1,8-cineol (12,1%) (Nordeste do país), β-cariofileno, o-cimeno, p-cimeno, carvacrol, canfeno, limoneno, a-pineno, b-pineno, geraniol, timol, gratissimeno, linalol, b-elemeno, b-cubebeno, citral, cânfora, a-tujeno, a-humuleno, etc. O teor máximo de eugenol ocorre às 12:00h enquanto o 1,8-cineol, tem seu maior teor pela manhã e no final do dia (Lorenzi & Matos, 2008). A planta contém também taninos, esteróides, triterpenóides e carboidratos.
Observações: Em amostras coletadas em Itajaí/SC, o teor de óleo essencial nas folhas variou entre 0,6% a 1,24%(base seca), apresentando como principais componentes o eugenol (39,41%), cariofileno (7,42%), geraniol e timol (SILVA JUNIOR, A.A., 2003).
2). Acessos genéticos de O. gratissimum podem ser divididos em seis grupos químicos:
1º(timol:a-copaeno), 2º(eugenol:espatulenol), 3º(timol:p-cimeno), 4º(eugenol:X-muuroleno), 5º(eugenol:timol) e 6º(espatulenol:geraniol)(SILVA JUNIOR, A.A., 2003).
3). Na Índia ocorre a raça química tipo cinamato de etila.
Referências:
OFFIAH, V. N. et al.. Antidiarrhoeal effects of Ocimum gratissimum leaf extract in experimental animals. Journal of Ethnopharmacology v. 68, n (1-3): p. 327-330, 15 december, 1999.
AJAYI, A. M. et al., Anti-inflammatory, Anti-nociceptive and Total polyphenolic Content of Hydroethanolic Extract of Ocimum gratissimum L. Leaves. African Journal of Medicine and Medical Sciences. v. 43(Suppl): p. 215–224, 2014.
TARKANG, P. A. et al., Pharmacological evidence for the folk use of Nefang: antipyretic, anti-inflammatory and antinociceptive activities of its constituent plants. BMC Complementar and Alternative Medicine v. 15, p.174, 2015.
FREIRE, L.P., Ocimum gratissimum Essential Oil and Its Isolated Compounds (Eugenol and Myrcene) Reduce Neuropathic Pain in Mice. Planta Medica V. 82: p. 211-216, 2016.
SILVA, M. R., et al., Antifungal activity of Ocimum gratissimum towards dermatophytes. Mycoses, v. 48, p. 172–175, 2005.
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Matias, K. K. A., et al., “Atividade antibacteriana in vitro de Croton campestris A., Ocimum gratissimum L. e Cordia verbenacea DC,” Revista Brasileira de Biociências, vol. 8, no. 3, pp.294–298, 2010.
LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008. 253 p.
SILVA JUNIOR, A.A. Essentia herba: Plantas bioativas. Florianópolis: Epagri, 2003. p. 102-110.
http://www.tropicos.org – Acesso em: 20 de maio de 2011