MENTRASTO

14/02/2020 23:28

Ageratum conyzoides  L..

Asteraceae (Compositae)


SinonímiasAgeratum cordifolium Roxb., Ageratum conyzoides var. inaequipaleaceum Hieron., Ageratum hirtum Lam., Ageratum latifolium Cav., Ageratum microcarpum (Benth.) Hemsl., Alomia microcarpa (Benth.) B.L. Rob., Cacalia mentrasto Vell., Carelia conyzoides (L.) Kuntze.

Nomes populares: O Brasil é conhecida por mentraste, erva-de-são-joão, erva-de-são-josé, cacália-mentrasto, catinga-de-barão, catinga-de-bode, picão-branco, picão-roxo; marrubio-blanco, mastranto, retentina (Colômbia); mejorana (Guatemala); rompe zaraguellos (Venezuela); goat weed (EEUU); babadotan, aru batu (Índia).

Origem ou Habitat: América tropical. No Brasil predomina nas regiões Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal.

Características botânicas: Erva anual, ereta, pilosa e aromática, medindo até 1 metro de altura. Caule de cor arroxeado, piloso. Folhas opostas, ovais com bordas crenadas, longo-pecioladas, membranáceas, pubescentes, medindo de 3-9 cm de comprimento. Inflorescência em capítulos terminais com cerca de 30-50 flores pequenas de cor lilás a branca. Fruto do tipo aquênio, pequeníssimo, preto. É considerada planta cosmopolita tropical.

Partes usadas: Folhas.

Uso popular: Segundo os registros etnofarmacológicos, são atribuídas a esta planta propriedades hemostática e cicatrizante de ferimentos, contra inapetência, flatulência, cólicas intestinais e menstruais e no tratamento caseiro do reumatismo. Os indígenas do Paraná e Santa Catarina usam para dor de barriga, dor de ouvido, cólicas, machucaduras, inchaços, lombriga.

Composição química: A composição principal do Ageratum conyzoides é baseada em óleos essenciais com terpenos (salineno, pineno, eugenol, cineol, felandreno, limoneno, linalol, terpineol e cariofileno); compostos cumarínicos e benzofuranos; resinas; alcalóides pirrolizidínicos (licopsamina e equinatina); flavonas, flavonóides e cromonas (Laus, 1994). Possui também ácido cianídrico.

Ações farmacológicas: Anti-inflamatória, analgésica, antimicrobiana e atividade inseticida.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: A planta inteira mostrou-se tóxica para coelhos devido a presença de cumarinas e ácido cianídrico.

Contra-indicações: Considerando as ações hepatotóxicas dos alcalóides pirrolizidínicos deve-se evitar o uso interno desta planta.

Posologia e modo de uso: Externamente, pode-se usar o extrato alcoólico a 20% ou extrato aquoso ou pomada de uso local, em compressas e fricções, nos casos de dores articulares.

Observações: Esta erva Ageratum conyzoides, está citada no anexo I da RDC 10, de 09 de março de 2010, onde está “indicado o uso de suas partes aéreas sem flores, na forma de infusão, para tratamento de dores articulares e reumatismo, sendo contra-indicado o uso por pessoas com problemas hepáticos e não devendo ser utilizada por mais de 03 semanas consecutivas” (ANVISA, 2010).

Os alcalóides pirrolizidínicos (AP) e as plantas que os contém são objeto de investigações científicas porque muitas destas plantas são usadas medicinalmente. Os AP são encontrados mais comumente em plantas das famílias Asteraceae, Boraginaceae e Fabaceae.

Segundo a dissertação de mestrado de Cristiane Fracari Bosi (acervo Biblioteca da UFSC), “os efeitos tóxicos e cancerígenos dos Alcalóides Pirrolizidínicos (AP) estão relacionados com a sua estrutura química. Os alcalóides 1,2-insaturados são capazes de serem metabolizados a intermediários hepatotóxicos, enquanto os alcalóides saturados não são hepatotóxicos. Os AP ocorrem naturalmente como mono-ésteres e di-ésteres ou di-ésteres macrocíclicos. Sua forma N-óxidos são mais hidrossolúveis e apresentam propriedades físicas e vias metabólicas diferentes. Os AP 1,2-insaturados são produzidos nas raízes e transportados para as folhas e flores como N-óxidos, onde se acumulam tanto na forma N-óxidos como de base terciária, podendo variar com a parte da planta e com a fase de crescimento. Nos mamíferos, os AP 1,2-insaturados ingeridos são oxidados no fígado por oxidases de função mista (citocromo P450s) a derivados pirrólicos. O anel pirrolizidínico torna o carbono C-7 e/ou C-9 altamente eletrofílico e capaz de reagir com nucleófilos de tecidos, concomitante com a clivagem dos substituintes ésteres, ocorrendo a ligação com proteínas, que pode alterar a função celular e causar dano ou morte celular, e/ou ácidos nucleicos”. Concluindo sua dissertação, a autora recomenda cautela no uso desta espécie Ageratum conyzoides, devido à presença dos AP que pode oferecer risco à saúde e que sejam feitos mais testes de toxicidade com a infusão.

Referências:

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

BOSI, C.F. PRESENÇA DE ALCALÓIDES PIRROLIZIDÍNICOS EM Ageratum conyzoides L., ASTERACEAE (dissertação)/ Cristiane Fracari Bosi; orientadora, Maique Weber Biavatti – Florianópolis/SC, 2012.

LAUS CB 1994. Manual de fitoterapia: plante saúde. Curitiba: Prefeitura Municipal de Curitiba, apud Rev. bras. farmacogn. vol.19 no.3 João Pessoa July/Sept. 2009

http://dx.doi.org/10.1590/S0102-695X2009000500002 – Atividade antitumoral do Ageratum conyzoides L. (Asteraceae) Luciano da Silva Momesso; Rute Mendonça Xavier de Moura; Dulce Helena Jardim Constantino.

LORENZI, H.; MATOS, F.J. A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2ªed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

MARQUESINI, N.R. – Plantas usadas como medicinais pelos índios do Paraná e Santa Catarina. Resumos do XIV SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, Florianópolis/SC, 1996, pg 64.

MATOS, F.J.A. Plantas medicinais: guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no Nordeste brasileiro. Fortaleza: EUFC, 1989.

Nakajima, J. 2013. Ageratum in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB15934)- acesso em 12 de setembro de 2013

http://www.tropicos.org/Name/2700026 – acesso em 12 de setembro de 2013.

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