SANGUE DE DRAGO
Croton lechleri Müll. Arg.
Sinonímias: Croton draco var. cordatus Müll. Arg.
Nomes populares: Sangue-de-drago, sangue de grado, sangue-de-dragão, jata akui, sangregrado (Colômbia, México), sangrito (Venezuela), telandilla, entre outros.
Origem ou Habitat: América do Sul.
Características botânicas: Árvore de copa ampla, que tem normalmente 5-6 metros podendo chegar até a 20 m de altura e apresenta um diâmetro de 40 cm. Córtex esbranquiçado que, quando cortado exsuda uma seiva de cor avermelhada, daí a razão de alguns nomes populares como “sangue de dragão” ou “sangue de drago”. Folhas largas, ovais, em formato de coração, longo-pecioladas, glandulares na base e plurinervadas, de 12-20 cm de comprimento e 5-14 cm de largura. Flores pequenas dispostas em inflorescências racimosas terminais, unisexuais, de cor branca (as masculinas no ápice e as femininas na base). Fruto capsular globoso e pubescente de 5 mm de diâmetro. Semente lisa com carúncula (anexo do tegumento) e endosperma oleaginoso. (Alonso, 2004; Revilla, 2001).
Partes usadas: Resina ou látex , cascas e folhas.
Uso popular: A resina ou látex é recomendado para o tratamento de úlceras, gastrites, infecções em geral, anemia e como cicatrizante.
No Peru, a resina é utilizada fresca como adstringente em feridas e queimaduras, em hemorragias e cólicas uterinas e em úlceras digestivas. É ingerida internamente em casos de diarreia, leucemia, diabetes, tumores gástricos, pulmonares e cerebrais (até 30 gotas diárias em doses progressivas). Outras indicações são o uso como ducha vaginal (leucorréias) e como antisséptico e anti-hemorrágico posterior ao parto. (Alonso, 2004).
Na área veterinária o sangue de dragão também é muito eficiente, tratando de infecções de pele, verrugas, feridas, abscessos, otites.
Composição química: Os principais componentes encontrados na resina são: alcalóides (taspina); taninos (dimetilcedrusina, etc); polifenóis (ácido gálico etc); proantocianinas; esteróides (sitosteróis, catequinas); saponinas e lignanas.
Ações farmacológicas: Possui propriedades anti-inflamatória, cicatrizante, antioxidante e anti-tumoral.
Em 1999 foi comprovado o potencial de ação do sangue de dragão frente a Helicobacter pylori, bactéria causadora da gastrite e úlceras do estômago. Também foi observado que ele é mais potente que a penicilina e o clorafenicol frente ao B. subtilis, S. aureus e a E. coli (bactérias causadores de infecções), além de combater a candidíase e fungos micóticos.(Laszo, 2012)
No campo odontológico, a resina tem sido pesquisada com êxito para aplicação tópica em casos de alveolites, sendo o efeito cicatrizante superior aos produtos convencionais (Alonso, 2004.
Interações medicamentosas: O sangue de drago pode ser associado em creme ou gel (em porcentagens de 3 – 5% total) a óleos essenciais anti-inflamatórios como a copaíba, orégano, gengibre ou wintergreen que também são analgésicos e podem potencializar seu efeito.(Fabian Laszo, 2012).
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Na maioria das referências não se encontram contraindicações. Contudo, existe a citação de estudos realizados no Peru e Alemanha onde se notou que tomar sangue de dragão em doses muito elevadas (vários mL) e por muito tempo pode ocasionar anemia.(Fabian Laszo, 2012).
Posologia e modo de uso: Interno:
Como antioxidante: 3 gts por dia, antes do café da manhã.
Em caso de inflamações: 5 gts 3 X ao dia, antes das refeições. Tempo: 15 – 30 dias de uso contínuo, pausar 1 semana e retomar se necessário.
Externo:
Para passar sobre o ferimento e queimaduras, spray: 10 gotas diluídas em 100mL de soro fisiológico borrifar na área 2-3 X ao dia.
Em ferimentos pequenos e aftas pode também aplicar puro.
Para higiene íntima feminina: colocar 8 gotas em meia xícara com água e aplicar com algodão, ou fazer lavagens com 15 gotas em uma vasilha de assento.
Em cosméticos 25-45 gotas para cada 100g de creme.
Em géis ou cremes para alívio de dores e inflamações: 1-3% (22-66 gotas em 100g). (Fonte: Fabian Laszo, 2012.
Observações: nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, Sul do Brasil, assim como Argentina e Uruguay encontramos a Croton urucurana Baill., ambas parentes e com uma seiva muito similar em atividade farmacológica.
Em Minas Gerais, o sangue de dragão costuma ser chamado de “sangrad’água”, por nascer próximo de rios e charcos.
A Shaman Pharmaceuticals, uma firma norteamericana, desenvolveu duas drogas que contém elementos antivirais isolados e extraídos da casca e resina do sangue de dragão (Croton lechleri), o Provir, um produto oral para tratamento de infecções virais respiratórias e o Virend, para o tratamento do herpes. (Laszo, 2012)
No Sul do Brasil existe a espécie Croton celtidifolius, nativa da Mata Atlântica, chamada de pau-sangue, sangue-de-adave, sangue-de-dalva, sangue de dragão, entre outros, documentado no livro do Ministério do Meio Ambiente pela pesquisadora profa. Maique W. Biavatti, 2011. “A casca é utilizada como anti-inflamatório, analgésico, anti-úlcera. O látex aplicado topicamente forma uma camada protetora mecânica como uma segunda pele. As proantocianidinas são predominantes tanto no látex vermelho como no extrato de cor vermelha das cascas, sendo substâncias antioxidantes, agindo na prevenção e controle do envelhecimento, antimutagênico, anti-inflamatório.
Referências:
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.
http://laszlo.ind.br/campanhas/SANGUE_DE_DRAGAO_LASZLO.pdf Acesso 12 Jan 2015
GUIA PARA A EXTRAÇÃO DE SANGUE DE GRADO (Croton lechleri Müll. Arg.), IPAM,Rio Branco/AC, 2008.
LORENZI, Harri; MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2 ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.
Revilla, J.- Plantas da Amazônia. 1.ed. Manaus/AM, 2000.
http://www.tropicos.org/Name/12802350 – Acesso 2 Jan 2015.